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João-de-Barro

João-de-Barro se orgulhou e depois da própria criação, olhou no espelho.
No reflexo viu as paredes, os quadros ainda não pendurados, 
os painéis de madeira e os tijolos.
Embora fosse o João-de-Barro, era só um nome, pois nada daquilo foi ele quem criou.
Não, na verdade pagou com salário recolhido como um Cuco que rouba de outros filhotes a mesada parcelada em jogos, lanches e drogas.
Mesmo assim no reflexo João-de-Barro se orgulhou, pois tinha boa aparência
Um reflexo marrom e azul-escuro de sabedoria, com alguns títulos que na ficção seriam chamados “Honrarias” porque foram todos conseguidos com alguma medida de fraude. Nada criminoso. Apenas preguiçoso.
E a beleza? Caída, flácida, inchada, com cicatrizes. 
Freqüentemente fedorento.
Mas claro que João era um bom operário 
suas ferramentas e seu barro eram abstratos...
Palavras, a serem moldadas 
ou separadas em fragmentos.
João era um mentiroso.

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